quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Urbanos I


Então ele olhou nos olhos daquele pequeno ser. Como? Como alguém poderia ser assim tão frágil? Tentou, mas não conseguiu entender porque fora presenteado com aquele pequeno boneco de porcelana. Tão jovem. Tão frágil. Tão doce. Tão sofrido. Foi achado mas não perdido. Um bebê não é coisa que se perca como se perde uma chave ou uma moeda.

Depois de quase meia hora olhando seus movimentos desconexos, sua pele fina e seus raros cabelos na cabeça, entendeu que um dia ele foi assim. Mesmo sem suas memórias, tinha certeza do que fora.

De repente também entendeu que aquele poderia ser seu destino. Pai. Gostou da palavra, gostou de proteger alguém, gostou da possibilidade de ser amado. Abraçou-o como uma mãe a um filho recém-nascido. O bebê se aconchegou entre suas roupas sujas, mal cheirosas e úmidas. Estava decidido, aquele seria seu herdeiro.

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